Publicado
originalmente no jornal Non Serviam, edições 19 e 20 em Primavera
de 2000.
Por
Svein Olav Nyberg
Obrigado pelo seu convite. Eu fui convidado a falar sobre Max Stirner com o subtítulo "O Grande Filósofo do Egoísmo". Um subtítulo mais ousado, "O Grande Filósofo do Individualismo?" talvez fosse ainda mais apropriado. Pois, embora Stirner certamente seja um filósofo do egoísmo, eu diria também que ele é o filósofo mais consistente tanto do egoísmo quanto da categoria maior do individualismo. Mas o tema do egoísmo como o individualismo final terá que esperar um pouco. Nesta conversa, meu foco será em apresentar as idéias de Max Stirner, o que pode causar grande prazer ou aborrecimento!
Você provavelmente está familiarizado com o termo "egoísmo" dos escritos de Ayn Rand. Então você provavelmente não vai vir para essa sessão completamente despreparado. No entanto, o tipo de egoísmo que eu irei apresentar para você hoje não é aquele que a Rand falou; não é tão domado. Assim, às vezes estes conceitos de egoísmo não apenas irão ser diferentes, mas eles serão até mesmo completamente opostos. Ao passo que Rand fala sobre a "Natureza do Homem" ("enquanto Homem"), sobre a moralidade e sobre o estado como o protetor dos direitos do Homem, Stirner revela-se como o anti-moralista. Assim como Henrik Ibsen, ele trata o estado como "a maldição do indivíduo", e quaisquer alegações sobre a "Natureza do Homem" a parte dos propósitos da classificação biológica, são objetivos favoritos de Stirner.
Você provavelmente está familiarizado com o termo "egoísmo" dos escritos de Ayn Rand. Então você provavelmente não vai vir para essa sessão completamente despreparado. No entanto, o tipo de egoísmo que eu irei apresentar para você hoje não é aquele que a Rand falou; não é tão domado. Assim, às vezes estes conceitos de egoísmo não apenas irão ser diferentes, mas eles serão até mesmo completamente opostos. Ao passo que Rand fala sobre a "Natureza do Homem" ("enquanto Homem"), sobre a moralidade e sobre o estado como o protetor dos direitos do Homem, Stirner revela-se como o anti-moralista. Assim como Henrik Ibsen, ele trata o estado como "a maldição do indivíduo", e quaisquer alegações sobre a "Natureza do Homem" a parte dos propósitos da classificação biológica, são objetivos favoritos de Stirner.
Então
quem é esse Max Stirner? E qual é a sua filosofia?
Max
Stirner é principalmente conhecido como o autor de Der
Einzige und Sein Eigentum (O
Único e Sua Propriedade)
e é neste livro que ele expõe adiante a maior parte de sua visão
filosófica. Sua filosofia é tanto algo fácil quanto algo difícil
para compreender. Durante a sua época e por intermédio de seus
oponentes, Der
Einzige
foi caracterizado como o primeiro livro legível em toda a história
da filosofia alemã. Seu estilo é cativante e retórico e torna
fácil para o leitor tornar-se intrigado. Ao mesmo tempo é uma peça
multifacetada de trabalho; não só na estrutura como no conteúdo é
embalado com referências implícitas e explícitas tanto de seu
passado como de seu presente: É um trabalho de muitas camadas e eu
duvido que eu tenha conseguido compreender todas as suas camadas.
Stirner inicia seu trabalho citando Bruno Bauer e Ludwig Feuerbach. "Para o homem, o ser supremo é o homem", diz Feuerbach. "O homem só agora foi descoberto", diz Bruno Bauer. As críticas desses dois filósofos são o núcleo do trabalho de Stirner. Através de sua crítica destes dois filósofos em particular, Stirner critica todos os tipos de filosofia moral até a sua própria época, e uma extensão de sua crítica dentro de nossa época se torna bem aplicável para os filósofos mais recentes.
Você não precisa estar familiarizado com Bauer e Feuerbach para entender a crítica da moralidade de Stirner; o próprio Stirner fornece o discernimento suficiente. Todavia, é útil conhecer de onde Stirner vem. Então vamos fazer um resumo histórico:
Max Stirner (1806-1856) nasceu como Johann Kaspar Schmidt. "Max Stirner" é um apelido que ele adquiriu durante seus anos de faculdade por causa da sua testa alta e larga. Ele, mais tarde, adotou esse nome e mais tarde usou-o como seu pseudônimo literário. Ele estudou filosofia, onde teve Hegel como um de seus palestrantes e foi bem eu seu caminho para um doutorado em filosofia. Entretanto, devido as circunstâncias a respeito da saúde de sua mãe, seu doutorado nunca foi terminado. O plano de fundo intelectual de Stirner é o seu profundo conhecimento da filosofia de Hegel, a Bíblia e a antiguidade grega. Então os conteúdos específicos da crítica de Stirner em Der Einzige se refere a estes elementos.
Em 1841 Stirner iniciava sua associação com "Die Freien" ("O Livre"), um círculo de intelectuais que se encontravam para beber e debater no Hippel's Weinstube em Berlim. Estes "Livre"eram também conhecidos como "Jovens Hegelianos" ou os "Hegelianos de Esquerda". Observe que o significado de "esquerda" aqui é aquele usado no parlamento francês após a revolução de 1789 e não aquele da classificação política atual. Neste círculo de intelectuais, Stirner era também conhecido por seus poucos, porém perspicazes argumentos, geralmente confinando estes argumentos para o seu próximo. O debate geral ele tendia a observar apenas de uma uma distância com um sorriso irônico. Em 1844 ele publicou seu infame magnus opus; um trabalho que não apenas deu a ele notoriedade imediata, mas também esmagou as ilusões dos Hegelianos de Esquerda, e por todas as propostas práticas destruiu o movimento.
Sendo
um bom livro subversivo, Der
Einzige
foi, claro, confiscado pelo governo. Stirner e seu editor tinham,
contudo, se planejado para essa contingência e já tinham
distribuído consideravelmente alguns livros antes que a censura
pudesse se apossar de suas primeiras cópias. Após um curto tempo, o
livro foi lançado novamente, declaradamente "absurdo demais
para ser perigoso"! "Absurdo" foi também a reação
de Karl Marx. A história é que Engels escreveu para Marx[1] sobre
essa publicação e falou simpaticamente sobre Der
Einzige.
A resposta de Marx não foi preservada, mas em sua seguinte carta à
Marx, Engels declara que ele mudou sua opinião e que ele agora acha
o livro "o que você julgar, que seja". Estes dois
parceiros no crime então começaram escrever A
Ideologia Alemã,
originalmente um trabalho de 700 páginas sobre seus contemporâneos.
Este trabalho é normalmente publicado em uma versão com seus
ataques ad hominem embaraçosos sobre Max Stirner editado de longe -
uma versão de umas meras 200 páginas.
Os
Hegelianos de Esquerda
O
Hegelianismo de Esquerda foi uma resposta ao Hegelianismo e,
particularmente, uma reação para a tendência hegeliana para apoiar
todo aspecto da ordem estabelecida. Os Hegelianos de Esquerda estavam
impressionados pelos métodos de Hegel, em particular a sua
dialética.
Na dialética você tem um ponto inicial e por estudar as relações neste ponto inicial, você encontrará os dualismos e a "parcialidade única" que precisa para ser dissolvida através da dialética. O resultado do exercício anterior na dialética irá, então, se tornar o ponto inicial para uma nova investigação dialética e então, nós teremos uma progressão dialética.
Então
dialética é especificamente relacionada ao desenvolvimento -
desenvolvimento do conceito através da crítica; dualismo são
encontrados entre opostos relacionais, em momentos "parcialidade
única" ou "premissas escondidas" pura também serão
encontradas.
Quão
tentador não é - quando o próprio Hegel, o Mestre da dialética,
quase declara o fim da história no estado da Prússia e no
cristianismo luterano - quão tentador é não continuar e aplicar a
dialética para para os resultados finais das investigações
próprias do Hegel? Quão tentador é não "aplicar Hegel à
Hegel", para surgir como - o melhor hegeliano?
Isso
é exatamente o que os Jovens Hegelianos fizeram. Leben Jesu de
Strauss é, provavelmente, o melhor marcador do início deste
processo de reexaminar Hegel. Em seu trabalho, Strauss discute o
conceito de "Cristo": por suposição, "Cristo" é
o salvador universal da Humanidade. Entretanto: de acordo com a
própria metodologia de Hegel, o universal não pode ser identificado
com um simples indivíduo. Strauss busca a questão no estilo
hegeliano verdadeiro, e termina com a conclusão de que embora Jesus
provavelmente foi uma pessoa histórica, ele não poderia ter sido
Cristo. "Cristo como um indivíduo" foi meramente uma
expressão mítica do salvador "real" da Humanidade - a
Humanidade por si mesma.
Naturalmente,
isso causou muito rebuliço tanto entre os teólogos quanto aos
filósofos. Os seguidores de Hegel estavam certamente na questão
menor, e eles terminaram tomando os lados. Um lado, representado por
Strauss, pensou que Hegel fosse um ponto inicial para movimentos mais
além do Espírito, não um resultado final. Opondo-se a eles estavam
os conservadores, em particular Bruno Bauer e o próprio Hegel.
Contudo, devia ser observado que não demorou muito Bauer trocou os
lados e se tornou um líder Hegeliano de Esquerda.
O
trabalho de Strauss foi o a chave que destrancou a porta e vários
trabalhos foram publicados, trabalhos que apresentaram saídas
radicais dos "resultados" do hegelianismo conservador. O
trabalho de maior impacto foi o Das
Wesen des Christentums
(A
Essência do Cristianismo)
de Ludwig Feuerbach, primeiramente publicado em 1841. Neste
trabalho, Feuerbach desenvolve a tese de Strauss por também negar
Deus - que no hegelianismo é visto como O Universal - incorporação
num único indivíduo.
"Como
nós dissemos conhecer Deus?" Feuerbach pergunta. Seus
contemporâneos, os teólogos hegelianos, respondem que ele é
conhecido por seus atributos. "Deus é amor", "Deus é
verdade" e etc. Então esse Deus não é conhecido diretamente,
mas via atributos dele. Não é verdade então, pergunta Feuerbach,
que o que é adorado pode ser tão pouco o próprio Deus? O que é
adorado não deve ser os atributos conhecíveis de Deus? Então não
estaria mais próximo da verdade se nós invertêssemos sujeito e
predicado nestas afirmações, de modo que eles agora lêem: "Amor
é divino", "Verdade é divina" e etc? E uma vez que
isso é a verdade, as afirmações originais não são a inversão
real? Feuerbach prossegue por perguntar de onde nós conhecemos
o amor, a verdade e etc. De onde mais, ele diz, senão de nós
mesmos?
Feuerbach
conclui por dizer que não somente é a Humanidade o seu próprio
Cristo, como também é o seu próprio Deus: "Deus" é nada
mais senão uma alienação da essência do Homem, onde essa essência
tem sido referenciada para um objeto externo e, desse modo,
considerado qualquer
outra coisa diferente
do que o Homem.
Com esse desvio, os Jovens Hegelianos reduziram a teologia para a antropologia e substituído o Cristianismo por Humanismo. Homem é a medida de todas as coisas. Especulações sobre a natureza de Deus são substituídas por especulações sobre a "essência" do Homem. Questões sobre "a ordem de Deus" e a vontade de Deus são substituídas sobre a ordem e a vontade do Homem - questões sobre moralidade.
Então o que significa ser Homem? Feuerbach, que acabou de trazer Deus para baixo do Céu a fim de embuti-lo na Humanidade, é obrigado a buscar por todos os atributos de Deus no Homem - na essência do Homem. Dessa forma, as afirmações "Deus é amor", "Deus é verdade" e etc. se transformam no "Amor é a essência do Homem", "Verdade é a essência do Homem" e etc. Isso é a forma que deve ser se a descrição de Deus de Feuerbach como nada, senão a alienação da essência do Homem é para ser correta.
Mas indivíduos não são sempre amor e eles nem sempre são verdadeiros. Que significa que Feuerbach não pode apresentar essas afirmações como generalizações empíricas dos humanos. Então o ponto de vista de Feuerbach se torna que "amor", "verdade" e tudo mais não são propriedades dos indivíduos, mas a essência normativa de todos os homens. "Homem", para Feuerbach, é a essência normativa de homens.
A
crítica de Stirner dos Hegelianos de Esquerda
Esse
é o ponto inicial de Stirner, e ele dificilmente poderia ter tido um
melhor; talvez um Stirner poderia existir somente em um ambiente como
esse, onde os princípios de moralidade estivessem, portanto,
claramente apresentados.
Então
qual é a crítica de Stirner?
A primeira aparência do conceito "egoísta" está em sua crítica - utilizada como uma alavanca dialética. O egoísta é introduzido no prefácio de Der Einzige, por essa ocasião traduzido no norueguês como "Kun for min egen skyld" por mim mesmo e por Hans Trygve Jensen [N. T.: na versão em português foi traduzido como O Único e a Sua Propriedade]. Neste prefácio Stirner apresenta o que pode ser considerado uma escolha existencial; decidir a quem servir - Deus, Humanidade, "O Bom" - ou a si mesmo. Stirner aponta que a última escolha tem sempre sido "vergonhosa"; você está incessantemente instruído a servir alguma coisa "mais alta", como "Deus", "Homem" e etc. Mas o que é "mais alto"? Stirner mostra que tal conceito se torna completamente circular; Deus é "mais alto" por medidas de Deus, "Homem" por medidas do Homem e etc. Portanto, Stirner escolherá ele mesmo como sua própria medida. Ele coloca sua própria vontade primeiro e declara - o egoísta, um único homem concreto.
Essa criatura, o egoísta, é então mandada na arena do debate filosófico para combinar força com ideias - em particular com "Homem", esse conceito abstrato e normativo de Feuerbach.
A primeira aparência do conceito "egoísta" está em sua crítica - utilizada como uma alavanca dialética. O egoísta é introduzido no prefácio de Der Einzige, por essa ocasião traduzido no norueguês como "Kun for min egen skyld" por mim mesmo e por Hans Trygve Jensen [N. T.: na versão em português foi traduzido como O Único e a Sua Propriedade]. Neste prefácio Stirner apresenta o que pode ser considerado uma escolha existencial; decidir a quem servir - Deus, Humanidade, "O Bom" - ou a si mesmo. Stirner aponta que a última escolha tem sempre sido "vergonhosa"; você está incessantemente instruído a servir alguma coisa "mais alta", como "Deus", "Homem" e etc. Mas o que é "mais alto"? Stirner mostra que tal conceito se torna completamente circular; Deus é "mais alto" por medidas de Deus, "Homem" por medidas do Homem e etc. Portanto, Stirner escolherá ele mesmo como sua própria medida. Ele coloca sua própria vontade primeiro e declara - o egoísta, um único homem concreto.
Essa criatura, o egoísta, é então mandada na arena do debate filosófico para combinar força com ideias - em particular com "Homem", esse conceito abstrato e normativo de Feuerbach.
O
principal argumento de Stirner é esse: em relação ao egoísta -
homem único e concreto - o "Homem" de Feuerbach se torna
uma contradição. Feuerbach não pode negar que o egoísta é um
homem. Mais ainda, o egoísta não é "Homem" no sentido
normativo: para o egoísta, não poderia se importar menos sobre a
essência que Feuerbach tem atribuído a ele, como "Verdade"
e "Amoroso". Assim, na relação ao ideal normativo, o
egoísta é tanto homem e não-homem ao mesmo tempo - uma contradição
lógica. O argumento de Stirner provocou uma forte reação dos
seguidores de Feuerbach e uma reestruturação das ideias deles.
Entre esses seguidores estava, como mencionado anteriormente, o jovem
- Karl Marx.
Poderia
ser difícil pra referir a crítica de Stirner de Feuerbach sem os
detalhes que você encontraria nas apresentações de Stirner dele,
ou nas próprias apresentações de Feuerbach dele mesmo para esse
assunto. Portanto, como um exemplo de como o argumento de Stirner
funciona, eu vou usar usar uma filosofia mais próxima para nossa
própria época, uma mais famosa; o egoísmo concorrente - Ayn
Rand[2].
Para Rand, a ética está fundada sobre uma "escolha existencial": viver ou não viver. E, de acordo com a Rand, uma vez que tudo tem uma identidade, você não pode simplesmente "viver"; você tem que viver como alguma coisa - "como homem" - enquanto Homem[3]. E se você decidiu viver "enquanto Homem", então você escolheu uma determinada ética[4].
A crítica de Stirner aplicada a Rand seria o exemplo de um homem que não se encaixa na ética dela, um homem que escolheu o contrário. Não seria difícil encontrar tais exemplos. Portanto, o que está para ser dito sobre esse homem? Nós poderíamos dizer que ele não está vivo - que ele está morto? Dificilmente. E apesar das objeções dos objetivistas, a maioria dos burocratas tem razoavelmente longas vidas. Mas eles não vivem de acordo com a ética de Rand. Então, o que mais Rand e os randianos podem dizer em defesa de suas éticas de que essas pessoas não podem ser - homens?
Para Rand, a ética está fundada sobre uma "escolha existencial": viver ou não viver. E, de acordo com a Rand, uma vez que tudo tem uma identidade, você não pode simplesmente "viver"; você tem que viver como alguma coisa - "como homem" - enquanto Homem[3]. E se você decidiu viver "enquanto Homem", então você escolheu uma determinada ética[4].
A crítica de Stirner aplicada a Rand seria o exemplo de um homem que não se encaixa na ética dela, um homem que escolheu o contrário. Não seria difícil encontrar tais exemplos. Portanto, o que está para ser dito sobre esse homem? Nós poderíamos dizer que ele não está vivo - que ele está morto? Dificilmente. E apesar das objeções dos objetivistas, a maioria dos burocratas tem razoavelmente longas vidas. Mas eles não vivem de acordo com a ética de Rand. Então, o que mais Rand e os randianos podem dizer em defesa de suas éticas de que essas pessoas não podem ser - homens?
Assim,
o "Homem" de Rand e Feuerbach, com H maiúsculo, portanto,
é exposto como qualquer outra coisa diferente do que a generalização
empírica que alegaram ser. "Homem" fica exposto como um
conjunto de ideais e espectros de que os dois autores desejavam que
homens deviam
ser, coisa que vai de contra às reivindicações deles a
objetividade. Utilizando a palavra "Homem" para descrever
suas fantasias é exposto como arbitrário - isto é, arbitrário
para qualquer outra proposta que não retórica.
Eu
mesmo, eu aprendi muito a partir da crítica de Stirner da moralidade
manifestada em Feuerbach, e eu ainda tenho que encontrar uma
moralidade que não possa ser criticada utilizando o método de
Stirner. Como uma questão geral, Stirner provou que argumentos do
tipo "Eu sou
um homem, portanto, eu devia
ser 'Homem' num sentido normativo" são nada mais além de
filosofia baseada num trocadilho pobre! Tais trocadilhos ruins,
todavia, parecem ser o comum na filosofia moral.
O
Stirner político
Anteriormente,
mencionamos que Stirner, assim como Ibsen, considerou o estado como
"a maldição do indivíduo". Para considerar o estado ser
uma maldição é quase que único. Não há a falta de pessoas
amaldiçoando o estado por "tirar a nossa liberdade",
"oprimindo-os como uma classe", "funcionando contra a
vontade de Deus", "destruindo o meio ambiente",
"oprimindo uma nação/ raça e etc", e sem esquecer - etc.
Todos
eles tem isso em comum: eles amaldiçoam o estado em nome de um
ideal. As denúncias deles é de que o estado impede o livre
desdobramento do ideal. Stirner e Ibsen, por outro lado, amaldiçoam
o estado porque ele impede seus próprios livres desdobramentos.
Stirner identifica duas direções opostas - o indivíduo e o universal. A questão é, quem vai vencer? De um lado você tem o indivíduo com suas exigências de desejo próprio e objetivos individuais. Por outro lado, você tem o universal com suas exigências implícitas de igualdade. Quão diferente, então, os dois lados não vão definir "liberdade". O indivíduo deseja fugir daqueles que exigem poder sobre ele; ele encontra sua liberdade quando seus movimentos são desimpedidos. O universal, por outro lado, encontra liberdade quando o universal é ilimitado.
Como um exemplo, vamos dar uma olhada na libertação da Noruega da Suécia. Os indivíduos na Noruega obtiveram mais liberdade após esse evento. Não, certamente que seria um mal-entendido. O que foi libertado foi a nação. A nação obteve mais poder. De um ponto de vista individual, isso foi uma mera mudança de governantes. Após terem sido governados por um rei sueco, os noruegueses estavam agora para ser governados por um rei dedicando sua realeza para a Noruega apenas.
Stirner identifica duas direções opostas - o indivíduo e o universal. A questão é, quem vai vencer? De um lado você tem o indivíduo com suas exigências de desejo próprio e objetivos individuais. Por outro lado, você tem o universal com suas exigências implícitas de igualdade. Quão diferente, então, os dois lados não vão definir "liberdade". O indivíduo deseja fugir daqueles que exigem poder sobre ele; ele encontra sua liberdade quando seus movimentos são desimpedidos. O universal, por outro lado, encontra liberdade quando o universal é ilimitado.
Como um exemplo, vamos dar uma olhada na libertação da Noruega da Suécia. Os indivíduos na Noruega obtiveram mais liberdade após esse evento. Não, certamente que seria um mal-entendido. O que foi libertado foi a nação. A nação obteve mais poder. De um ponto de vista individual, isso foi uma mera mudança de governantes. Após terem sido governados por um rei sueco, os noruegueses estavam agora para ser governados por um rei dedicando sua realeza para a Noruega apenas.
O
mesmo passa pelos movimentos de libertação por toda parte do mundo.
Vietnã do Sul foi libertado dos imperialistas, mas os
sul-vietnamistas - os indivíduos - tiveram novos e rigorosos
mestres. E o Irã não foi libertado do imperialismo americano? Sim,
de fato, o Irã
está libertado, enquanto indivíduos, como Salman Rushdie, tem o que
temer por suas vidas.
Os contemporâneos de Stirner, primeiro de tudo Bruno Bauer, haviam se tornado especialistas em como libertar o universal. E eles particularmente queriam livrar o "Homem". Contudo, como eu declarei acima, ele não estão falando sobre indivíduos concretos, mas sobre nossa "essência". Aqui o antagonismo está ainda mais próximo à tona do que na questão da libertação das nações.
Os contemporâneos de Stirner, primeiro de tudo Bruno Bauer, haviam se tornado especialistas em como libertar o universal. E eles particularmente queriam livrar o "Homem". Contudo, como eu declarei acima, ele não estão falando sobre indivíduos concretos, mas sobre nossa "essência". Aqui o antagonismo está ainda mais próximo à tona do que na questão da libertação das nações.
Stirner
descreve três estágios no desenvolvimento da libertação do
"Homem". A primeira é a partir da revolução francesa de
1789, enquanto as outras duas são tomadas a partir das críticas
políticas de que eram contemporâneos de Stirner:
1.
A primeira libertação do Homem acontece durante a revolução de
1789. O poder pessoal
devia ser removido - ninguém deveria ser mais do que qualquer outro
como uma pessoa
- todos são "citöyen" - cidadãos do estado. Isso é
chamado de liberalismo político.
Mas
uma vez que essa libertação é apresentada como uma libertação do
Homem, e não de qualquer ser real e concreto com todos os seus
interesses pessoais - "egoístas" como Stirner os chama - a
revolução de 1789 coloca-se aberta a crítica de que não é uma
libertação completa. Distribuição de propriedade é controlada
pelo estado, protegendo aqueles que tem dos que não tem. Propriedade
é deixada à esfera dos egoístas e não sob o controle do Homem ou
da Humanidade.
2.
Portanto - se a intenção é libertar o Homem, você tem que remover
o poder que os egoístas obtiveram sobre a propriedade, e torná-la
disponível para - Humanidade. Com isso nós entramos no Comunismo
ou, como também é chamado, o liberalismo social.
Mas isso é apenas o início de uma ladeira escorregadia. Os humanistas, liderado por Bruno Bauer, acham repugnante que mesmo sob o liberalismo social, o tempo de lazer ainda é reservado para interesses privados - para egoísmo.
3. Assim, a fim de chegar mais próximo da completa libertação do Homem do aperto desses egoístas malvados, tempo de lazer deve ser "humano" também. Tudo é para ser organizado em torno do "Homem" e todos os interesses próprios e pessoais são para ser removidos.
Mas isso é apenas o início de uma ladeira escorregadia. Os humanistas, liderado por Bruno Bauer, acham repugnante que mesmo sob o liberalismo social, o tempo de lazer ainda é reservado para interesses privados - para egoísmo.
3. Assim, a fim de chegar mais próximo da completa libertação do Homem do aperto desses egoístas malvados, tempo de lazer deve ser "humano" também. Tudo é para ser organizado em torno do "Homem" e todos os interesses próprios e pessoais são para ser removidos.
Esse
"liberalismo humano" é contundentemente similar a
sociedade que a personagem principal de Anthem,
de Ayn Rand, acorda. Aqui Rand e Stirner se encontram novamente, em
crítica conjunta: Rand a faz por meio de um romance e Stirner com um
argumento "reductio ad absurdum" contra essa libertação
de seres abstratos - espíritos e fantasmas!
Feuerbach
transformava Deus no Homem, diz Stirner, enquanto Bauer desejava
transformar Homem no meu eu concreto. Para lembrar: no hegelianismo o
universal não tem existência sem suas manifestações concretas.
Como Stirner expressa: "Homem está perdido sem mim". E
então ele vira as costas para aqueles que desejam tornar o "Homem"
a identidade de Stirner ou qualquer outra pessoa concreta.
O Egoísmo de Stirner
O
conceito de Stirner de egoísmo tem sido até agora apresentado como
algo com uma função negativa - algo que possa ser introduzido num
argumento filosófico ou político para liquidar o oponente da sua
posição elevada. Mas Stirner também nos dá o egoísmo como um
exemplo positivo: aqui está o que eu fiz. Se você quiser e for
capaz, o caminho está aberto para fazer da mesma maneira.
Diferente
do egoísmo da Rand, o egoísmo de Stirner não é prescritivo. Ele
não escolheu o termo para ser a base de um novo -ismo. A filosofia
de Stirner é aquela de focar no indivíduo concreto. O âmago do
conceito para entender o mundo filosófico de Stirner além de sua
crítica é Der
Einzige
- uma frase que significa "o único", "o indivíduo"
e "o exclusivo".
Stirner observa que cada indivíduo é único. Hans Trygve[5] e eu não somos a mesma pessoa. Nós somos dois indivíduos concretamente diferentes. Com certeza, nós dois somos seres humanos, mas "seres humanos" somente expressa o que nós temos em comum, não qualquer coisa que devemos nos esforçar para nos tornarmos. Isso que nós temos algo em comum não nos torna o que nós temos em comum em nossa essência. "Essência" é uma característica de conceitos, não de indivíduos; e eu posso ter algo em comum com muitas coisas. Isso que eu tenho em comum com alguma outra coisa não torna essa comunalidade minha essência. Pois eu não sou conceito. Se eu tivesse sido um conceito, você também não poderia me explicar?
Stirner observa que cada indivíduo é único. Hans Trygve[5] e eu não somos a mesma pessoa. Nós somos dois indivíduos concretamente diferentes. Com certeza, nós dois somos seres humanos, mas "seres humanos" somente expressa o que nós temos em comum, não qualquer coisa que devemos nos esforçar para nos tornarmos. Isso que nós temos algo em comum não nos torna o que nós temos em comum em nossa essência. "Essência" é uma característica de conceitos, não de indivíduos; e eu posso ter algo em comum com muitas coisas. Isso que eu tenho em comum com alguma outra coisa não torna essa comunalidade minha essência. Pois eu não sou conceito. Se eu tivesse sido um conceito, você também não poderia me explicar?
Isso
é uma simples observação cotidiana. Todavia, nós temos visto que
esse pequeno golpe derruba grandes fortalezas filosóficas.
Como
único, nossos interesses são únicos - eles expressam o único. É
esse interesse único de pessoas únicas que Stirner chama de
egoísmo. Egoísmo é o interesse que você tem para suas próprias
preocupações, como opostas às preocupações de ideias como Deus,
Homem e seu País.
Stirner
também sugere que se nós deveríamos elaborar a identificar nossas
preocupações com a luta por um ideal, nós ainda deveríamos estar
fazendo isso no fundamento de nosso interesse próprio - por egoísmo.
Em outras palavras, ele sugere um egoísmo psicológico. Isso é
correto e tautológico no sentido de que todos nossos interesses são
basicamente - interesses únicos; nossos próprios interesses
pessoais, como as pessoas únicas que somos. Pessoalmente, eu acho
que a ideia do egoísmo psicológico pode ser um pouco confuso, uma
vez que isso levanta o princípio em separar egoístas
"inconscientes", como Madre Teresa, dos egoístas
"conscientes" como eu mesmo.
Ao
longo de seus trabalhos, Stirner faz uma distinção crucial entre as
ideias e sentimentos que tem sido instilados em mim e naqueles que
surgem em mim. Em seu artigo Das
unwahre Prinzip unserer Erziehung
(O Falso Princípio de Nossa Educação), ele ataca as teorias que
vêem a grande questão do ensino como aquele de como encher
conhecimento nas cabeças das crianças tanto de maneira efetiva
quanto possível. Os pedagogos furiosamente discordam entre si sobre
os meios, Stirner observa, mas todos eles concordam que o objetivo é
encher conhecimento nas cabeças das crianças. Opondo-se a isso,
Stirner sugere que as crianças poderiam escolher seus próprios
aprendizados; essa edificação delas é melhor baseado em seus
próprios - interesses. Essa forma de conhecimento se torna o
conhecimento próprio das crianças, e não um pesado fardo de fatos
e teorias imputadas. Uma observação interessante nessa
consideração, a partir de pesquisas sobre o cérebro em 150 anos
após Stirner, é que a química do aprendizado funciona melhor
exatamente quando o aprendiz aprende com interesse.
Justamente essa noção de que algo é próprio daquele, como aprendizagem, é nosso segundo e essencial conceito para melhor entender Stirner. De acordo com Stirner, tudo que você entra em contato é sua propriedade. Não num sentido legal, mas no sentido que o que você, como um único, entra em contato, você irá encarar em seus próprios termos e não nos termos prescritos por alguém, por um ideal e etc.
Justamente essa noção de que algo é próprio daquele, como aprendizagem, é nosso segundo e essencial conceito para melhor entender Stirner. De acordo com Stirner, tudo que você entra em contato é sua propriedade. Não num sentido legal, mas no sentido que o que você, como um único, entra em contato, você irá encarar em seus próprios termos e não nos termos prescritos por alguém, por um ideal e etc.
Isso
é inegavelmente um modo idiossincrático de utilizar a palavra
"propriedade", então deixe-me explicar: "Propriedade",
num sentido clássico, é o que você controla. Como você
especificamente utiliza esse controle cabe a ti e a suas habilidades.
"Propriedade" como um "direito" é algo que
Stirner já rejeitou, porque o "direito" não é algo que
pertence ao indivíduo; pertence ao "Homem".
Assim,
na ausência de ideais dominantes e normativos, "propriedade"
significa nada mais do que o que você vem a entrar em contato. É
"propriedade" quando você se refere a ele pelo seu eu, e
não de acordo para quais ideais e autoridades tem prescritos. E seu
controle do objeto depende sobre o seu poder ou - em outras palavras
- suas habilidades.
O
segundo último conceito de Stirner é exatamente Eigenheit
-
"eu". Esse conceito é uma descrição dizendo que você
considera a si próprio e suas avaliações - suas. Ele é
relacionado ao último conceito de Stirner, Eigner,
que significa "eu-proprietário".
Stirner contrasta "eu" a "liberdade". "Liberdade" por ela mesma, diz Stirner, é somente um conceito vazio e ineficaz. Liberdade - a palavra "liberdade" - significa, junto com a palavra "livre", nada exceto "ausência de". Cerveja sem álcool é, por exemplo, livre de álcool. Mas você não se torna um libertário por bebê-la. Então quando você está buscando por "liberdade", exatamente você quer liberdade do que? A palavra por ela mesma não fornece qualquer resposta, e você pode argumentar com "liberais humanos" sobre o direito para a palavra por um longo tempo.
Ou
você pode simplesmente decidir por
seu próprio bem
o que essa liberdade devia conter e trabalhar para libertar você
mesmo,
não uma multidão de homens que não deseja de forma alguma sua
liberdade, mas ao contrário, talvez desejar outro tipo de liberdade
contrariando as suas.
Mas Stirner prefere "eu" a "liberdade". Porque liberdade, ao qual é uma ausência, não é um resultado de seus próprios esforços, mas em vez disso, algo que é "concedido" por aqueles que, de outro modo, teria colocado adiante uma presença na esfera onde você teria apreciado sua liberdade. Isso é ecoado na infame frase "Você não pode ter Liberdade de graça".
Um exemplo ilustrativo da diferença entre liberdade e eu pode ser encontrado no caso de uma criança sendo importunada na escola: se os valentões cansam de importuná-lo por um tempo, a perseguição está ausente por um tempo - ele está livre disso. Mas essa liberdade é facilmente vista para estar nas mãos de algum outro. Por outro lado, se ele começa aprender karatê ou faz amizade com alguns amigos fortes, a situação toma um outro rumo. Ele então utiliza seu eu para lutar com seus assediadores. Ele os resiste por sua vontade. No primeiro cenário: se os valentões decidissem começar a importuná-lo novamente, e ele apelasse para sua liberdade, este apelo vão seria nada mais do que um desejo, um desejo para a ausência dos valentões. Mas esse desejo não cabe a ele próprio cumprir; cabe aos valentões.
Isso novamente mantém uma certa similaridade a Rand: Rand fala sobre "sanção da vítima": o poder dos valentões sobre você é ilimitado ao menos que você lute contra e diga não.
Mas Stirner prefere "eu" a "liberdade". Porque liberdade, ao qual é uma ausência, não é um resultado de seus próprios esforços, mas em vez disso, algo que é "concedido" por aqueles que, de outro modo, teria colocado adiante uma presença na esfera onde você teria apreciado sua liberdade. Isso é ecoado na infame frase "Você não pode ter Liberdade de graça".
Um exemplo ilustrativo da diferença entre liberdade e eu pode ser encontrado no caso de uma criança sendo importunada na escola: se os valentões cansam de importuná-lo por um tempo, a perseguição está ausente por um tempo - ele está livre disso. Mas essa liberdade é facilmente vista para estar nas mãos de algum outro. Por outro lado, se ele começa aprender karatê ou faz amizade com alguns amigos fortes, a situação toma um outro rumo. Ele então utiliza seu eu para lutar com seus assediadores. Ele os resiste por sua vontade. No primeiro cenário: se os valentões decidissem começar a importuná-lo novamente, e ele apelasse para sua liberdade, este apelo vão seria nada mais do que um desejo, um desejo para a ausência dos valentões. Mas esse desejo não cabe a ele próprio cumprir; cabe aos valentões.
Isso novamente mantém uma certa similaridade a Rand: Rand fala sobre "sanção da vítima": o poder dos valentões sobre você é ilimitado ao menos que você lute contra e diga não.
Na
última parte de seu livro, Stirner descreve o que significa
relacionar-se com outro como um indivíduo para um indivíduo, ao
invés de encarar uns aos outros através por intermédio de um
ideal. Ele dá uma resposta, em particular, para aqueles que
contestam desesperadamente quando ele destrói seus ideais: "mas
se nós não temos os ideais para nos proteger, nós estaremos
completamente perdidos! Nós não teremos reivindicações de direito
para nos apoiar contra os mal-feitores!" Aqui Stirner responde
que "direitos", assim como cruzes e alhos, nunca foram uma
proteção, em todo caso.[6] "A que você
está se apoiando?"
ele pergunta, "Você não nenhum poder de resistência? Você
não tem, também, poder e habilidades?"
Ademais,
Stirner enfatiza que poder e habilidades não estão reservados para
somente para homens grandes e fortes. Pois se eu me juntar com outros
de interesses similares, meu poder será multiplicado de forma
numerosa. E todas as mudanças que tem sido realizadas por toda
história, se feitas em nome de um ideal ou por algum objetivo das
pessoas concretas, tem sempre sido realizadas pelas pessoas
concretas; o ideal não fez coisa alguma - tem sido, na melhor das
hipóteses, um passageiro clandestino ou um aproveitador nas mentes
das pessoas concretas.
Portanto,
o que eu obtive não se torna perdido quando eu perco ilusões e
ideais, nem mesmo se os ideias perdidos são "direito" e
"liberdade". É, ao invés, que o que tem sido obtido tem
se tornado mais solidamente fundado, pela razão de eu não sinto
mais eu devo abaixar minha cabeça de vergonha se alguém não me
conceder mais o que eu tinha ganhado: a "liberdade" que o
menino da escola importunado tem obtido é melhor fundamentado no seu
próprio eu do que nos apelos pela liberdade. Igualmente, eu posso
ter perdido minha licença para vender licor, mas isso não significa
que eu automaticamente irei parar de vender bebidas. Eu posso ter
sido negado de importar sobre certos limites, portanto limitando
minha "liberdade" no sentido político clássico. Porém no
meu eu, eu - contrabandeio.
Após Stirner
Após Stirner
O
poeta de origem escocesa-alemã John Henry Mackay tem o crédito pela
maior parte do que é conhecido sobre Stirner atualmente. Mackey
utilizou vários anos e uma enorme quantidade de sua fortuna para
rastrear informação sobre Stirner e o que ele escreveu. Ele mesmo
era um anarquista individualista e interpretava Stirner para ser
assim também. Eu duvido que isso é verdade sobre Stirner, mas isso
é para outra discussão. Stirner, em todo caso, inspirou
anarquistas, particularmente anarquistas individualistas como Mackey.
Stirner teve seu segundo período de fama na virada do século. Georg Brandes tinha descoberto e promovido Friedrich Nietzsche. Os seguidores de Nietzsche estavam procurando por um "precursor" para Nietzsche e encontraram isso em Stirner. Brandes, portanto, tinha um mercado quando ele publicou e escreveu um prefácio para a edição dinamarquesa de Der EinzigeI em 1902. Também parece haver razão para assumir que o grande autor da Noruega e correspondente de Georg Brandes, Henrik Ibsen, foi influenciado por Stirner. Mas as ligações de Stirner para arte será o assunto de uma edição posterior.
Stirner teve seu segundo período de fama na virada do século. Georg Brandes tinha descoberto e promovido Friedrich Nietzsche. Os seguidores de Nietzsche estavam procurando por um "precursor" para Nietzsche e encontraram isso em Stirner. Brandes, portanto, tinha um mercado quando ele publicou e escreveu um prefácio para a edição dinamarquesa de Der EinzigeI em 1902. Também parece haver razão para assumir que o grande autor da Noruega e correspondente de Georg Brandes, Henrik Ibsen, foi influenciado por Stirner. Mas as ligações de Stirner para arte será o assunto de uma edição posterior.
A
reputação de Stirner como um anarquista individualista foi
fortalecida quando Benjamin Tucker, o principal libertário americano
no início desse século, considerou isso para ser sua maior
realização quando ele publicou a primeira edição inglesa de Der
Einzige
em 1907.
Anos
depois, Stirner, para a maior parte, tem sido visto como um filósofo
político anarquista. De acordo com a crítica de Herbert Read,
contudo, pessoas como Erich Fromm, Jung, Martin Buber, Max Ernst e
vários existencialistas do século 20 estão em dívida com Stirner
- uma variedade que estou seguro que teria agradado Stirner.
Conclusão
histórica
Após
Der
Einzige,
foi publicado coisas que não aconteceram exatamente do jeito que Max
Stirner tinha vislumbrado. O trabalho tinha um efeito pesado e
imediato, mas no despertar da agitação política e uma revolução
em 1848, a atenção recompensou ele e seus contemporâneos Jovens
Hegelianos foram perdidos. Muitos dos jovens hegelianos, incluindo
Stirner, experimentaram dificuldades tanto financeiramente quanto de
outra forma nessa época. O próprio Stirner gastou toda a fortuna de
sua próxima ex-esposa em investimentos mal sucedidos.
Antes
dele morrer em 1856, Stirner completou a primeira tradução alemã
da Riqueza
das Nações
de Adam Smith e também traduziu alguns livros por um divulgador
francês de Smith, Jean-Baptiste Say. No início da década de 1850,
Stirner podia ser achado no salão da baronesa von der Goltz, onde
ele ainda discutia ideias radicais chocantes.
Em
25 de Junho de 1856 Stirner morreu de uma infecção após tendo sido
picado por um inseto. Com ele morre um mundo único.
Post-scriptum
sobre feminismo
O
ataque de Stirner sobre "a essência do Homem" pode ser
nitidamente aplicada numa crítica de papéis de gênero como
postuladas por "feministas" e patriarcalistas
semelhantemente. Ambos os lados mantém visões normativas do que uma
mulher "é". Dizem-nos, por exemplo, que as mulheres não
podem ser musculosas. Quando uma mulher é forte, os patriarcalistas
rotulam-na de "não feminino" e até mesmo "pouco
mulher". Tudo isso, durante uma simples inspeção médica,
revelaria ela ser uma mulher. Um exemplo similarmente desagradável
dos anos oitenta é quando Margareth Thatcher foi primeira ministra.
As feministas gritavam que ela não era uma delas, a "mulher":
ela era "um homem".[7] Seguindo o padrão da crítica de
Stirner do "Homem", nós descobrimos que essencialismo de
gênero e papéis de gênero pré-atribuídos são simplesmente
auto-contraditórios: não é a mulher desviante que deixa de ser uma
mulher quando ela não se encaixa na essência e no papel de
"mulher"; é a essência e os papéis de "mulher"
que deixam de ser verdadeiro.
Feminismo
é, talvez, de interesse particular por causa de Dora Marsden, uma
proeminente individualista e feminista no Reino Unido da virada do
século. Sua retórica e ideias carregam uma forte semelhança à
Stirner e ela explicitamente confirmava essa ligação. Se você
estiver interessado em obter melhor conhecimento desta notável
mulher, Eu recomendo dar uma olhada nesta página. [N. T.: este link não está mais acessível. No entanto, é possível
ler o acervo dos escritos de Marsden aqui.]
Mas
esteja avisado: Comparada a Marsden e sua retórica, feministas de
hoje parecerão como enfadonhas burocratas!
Traduzido
do inglês por Rodrigo Viana. Para ler o artigo no idioma original clique aqui e aqui.
Notas:
Notas:
[1]
Engels escreveu em uma carta para Marx: "esse trabalho é
importante, muito mais importante do que Hess acredita. [O] primeiro
ponto que encontramos ser verdadeiro é que, antes de fazer o que
quer que faremos em nome de alguma ideia, nós primeiro temos que
fazer nossa causa pessoal, egoísta [...] Stirner está certo em
rejeitar o "Homem" de Feuerbach [uma vez que] o Homem do
Feuerbach é derivado de Deus. [Entre] todos d'"Os Livres"
Stirner obviamente tem o maior talento, personalidade e dinamismo."
[2]
Neste contexto, é interessante observar que a filosofia de Rand
continua sendo comparada ao hegelianismo, e essas críticas como
Chris Sciabarra indica similaridades significantes entre os métodos
dela e os métodos do ex-feuerbachiano - Karl Marx. (Chris Sciabarra:
Ayn
Rand, the Russian Radical)
[3]
Peikoff: Objectivism:
The Philosophy of Ayn Rand,
p. 119-120. Isso é onde Rand cria seu erro: ela não olha para o meu
ou qualquer outra identidade concreta do homem. Ela olha para a
identidade do Homem.
Mas uma vez que Homem
é um conceito, sua identidade é sua essência. E a essência do
Homem, ela diz, é Racionalidade. Erroneamente, ela então aplica
essa essência para os indivíduos concretos, como se a essência do
conceito fosse a identidade do indivíduo. Como eu mencionei abaixo,
essências pertencem a conceitos e eu não sou conceito.
[4]
Ibid. p. 257: "Se a vida é o padrão, [o homem] deve financiar
suas atividades por seus próprios esforços produtivos."
[5]
O tradutor deste artigo. [N. T.: da versão norueguesa para inglesa.]
[6]
"Se alguém está a poucos passos à sua direita", o
proeminente libertário norueguês Bjørn Borg Kjølseth uma vez
perguntou, "a direita vai morder sua perna como resposta ou você
próprio terá que fazê-la?"
[7]
Igualmente, pode ser observado que a egoísta concorrente, Rand,
disse que mulheres não podem se tornar presidentes. Nesse momento,
está um pouco obscuro para mim se isso também é outro exemplo de
essencialismo normativo em sua filosofia.
Svein Olav Nyberg foi editor do jornal Non Serviam.
Veja também:
5 comentários:
Me expliquem a visâo de vocês sobre propriedade. Ninguém pode acumular o capital?
Tipo seu eu construo 4 casas, moro em uma, alugo as outras três, é errado para vocês?
Tipo eu construí as 4 casas, mas moro em apenas uma, uso as outras três como forma de renda. Veja bem eu estou usando para ganhar mais renda, logo não poderia perder o direito de propriedade, né?
E poupança?
Um trabalhador pode poupar parte da renda e investir para gerar mais renda?
Quais mecanismos impediriam a acumulação de capital?
Marcio, você como egoísta pode fazer o que quiser para satisfazer o seu ego. O problema da ideia de construir várias casas em "sua" propriedade para o rentismo é que nenhum outro egoísta vai se sujeitar a isso. É muito mais vantajoso para os egoístas com o interesse em comum de ter uma casa criar uma união de egoístas e tomar a força a "sua" propriedade. Lembrando que numa visão egoísta não existem direitos de propriedade, a propriedade é de quem tem força para tomá-la e defendê-la.
Stirner é foda demais. É de longe o maior filósofo da liberdade, não do fantasma Liberdade que ele combate, mas da liberdade real, ou em uma linguagem menos substancial e mais próxima a dele, o filósofo do "Eu mesmo", do "Minha vontade" e "Eu proprietário", da não sujeição à ideias fixas.
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