Por Tom Wetzel
Isso depende de qual
dos dois significados de “libertário” você tem em mente. No
sentido original de “libertário” do século 19 e início do 20,
que ainda é predominante em vários países que não falam inglês, não existe qualquer diferença realmente nos termos de qual segmento de opinião política que estes termos se referem. Neste
sentido original de “libertário”, a diferença está entre uma
definição positiva e negativa. “Anarquismo” possui uma
definição negativa: oposição a hierarquias construídas de cima
para baixo de poder (“patrões”, “governantes”) tais como as
corporações e o estado. “Libertário” se refere a um ponto de
vista que coloca grande ênfase na liberdade positiva: controlar sua
vida, controlar decisões na medida em que você é afetado por elas,
auto-gestão sobre o trabalho e a comunidade, e acesso aos meios para
desenvolver seu potencial e, portanto, sua capacidade pela
auto-gestão.
O outro significado de
“libertário” (N. do T.: ultra-liberais) foi inventado nos EUA no período das décadas de 1950 e 60. Ele foi designado para ser um novo nome para os defensores do
liberalismo clássico individualista extremo do século 19. O que é
fundamental para esta forma de “libertarismo” é limitar a definição
de “liberdade” para liberdade negativa: ausência de coerção ou restrição. Portanto, você pode ver a definição entre os dois
“libertarismos” em como eles enxergam a instituição do trabalho
assalariado sob o capitalismo.
Para os libertários de esquerda, os anarquistas, ser compelido a trabalhar para
empregadores, estar sujeito ao poder gerencial, é uma forma de
opressão porque esmaga, invalida a sua auto-gestão e impede a
realização do potencial dos trabalhadores assalariados que estão
presos em empregos sem futuro.
Para os ultra-liberais, ser compelido a trabalhar para empregadores, ser comandados
por patrões é coerente com a liberdade porque ninguém coloca uma
arma em sua cabeça para pegar o emprego. E, por isso, não é coerção.
A partir da perspectiva anarquista ou libertária de esquerda, isso é
uma definição drasticamente pobre de “liberdade”.
Os anarquista não
rejeitam necessariamente o “governo”. Como Kropotkin apontou,
existe uma distinção entre estado e governo. O governo consiste das
instituições de governança... criar regras, julgar disputas, auto-defesa social. Por outro lado, um estado é um aparato
burocrático construído de cima para baixo com ordenação sobre
forças militares e policiais, separado do controle real pela massa da população.
Ultra-liberais estão certos quanto a existência do estado, porque um estado é
necessário para proteger a minoria capitalista ou a classe patronal. Seus desentendimentos com os liberais sociais e
social-democratas sobre o estado são sobre o uso do
estado fornecer sistemas de benefício social para beneficiar as
massas de pessoas comuns... seguro-desemprego, leis de salário
mínimo, sistemas de seguridade social, saúde pública,
etc. Ultra-liberais se opõem a estas coisas.
Libertários de
esquerda defendem sistemas de fornecimento de benefícios sociais
tais como assistência médica gratuita, educação, ou transporte
público, porém eles desejam que estes serviços sejam gerenciados
diretamente pelos seus trabalhadores. Todavia, libertários de esquerda,
anarquistas, se opõem ao estado por causa do seu outro lado, a sua utilização para defender
e proteger os interesses das classes dominantes e exploradoras, tais
como capitalistas e burocratas.
Portanto, os libertários
de esquerda propõem substituir o estado com sistemas de poder
popular direto baseado na democracia direta das assembléias nos
locais de trabalho e bairros, e organismos delegados intimamente
controlados pela assembléia de base. Deste modo, nós poderíamos dizer
que eles desejam governança sem o estado.
Traduzido por Rodrigo
Viana. Para ler o artigo original clique aqui.
Tom Wetzel é escritor
e ativista libertário socialista e membro do “Workers Solidarity
Alliance”.
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2 comentários:
Texto mentiroso e tendencioso. Libertário de direita não quer Estado, muito menos para proteger "classe patronal". Isso é corporativismo e todo liberal e libertário é contra.
Ninguém é compelido a trabalhar para empregadores, mas sim vende sua mão de obra e know how, em troca de dinheiro. É puro mercado, com a lei da oferta e demanda e tudo mais. O mercado é o sistema que mais dá poder e liberdade ao indivíduo.
E esse "poder popular" aí não é diferencial de libertário de esquerda. Libertário de direita também concorda com indivíduos e instituições privadas gerindo questões para um grupo que concorda e se subordina a isso.
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