Por
Jakob Pettersson “Sushigoat”
Os
humanos são competitivos? Com certeza parece que sim e isso não é
uma impossibilidade. Outros animais também são, como os gorilas
machos competindo pela liderança sobre o grupo. Mas de que forma
nós somos competitivos? Eu não penso, sob qualquer circunstância, de que somos competitivos no
sentido capitalista como. Eu não penso, em uma sociedade
completamente livre, que a ideia capitalista da “competição” vá
ser predominante para qualquer extensão maior.
Por
quê? Porque a competição capitalista é amplamente artificial.
Está enraizado no financiamento coletivo da proteção da
propriedade privada. Isto é, independente se você gosta ou não
de título de propriedade, independente de se isso irá te afetar
negativamente ou não, seus impostos entram para financiar isso. Um
pequeno empresário paga pela grande corporação que está
forçando-o para fora dos negócios, o vegano tem que pagar pelo
abatedouro, o ambientalista pela empresa de petróleo e etc, etc. A
lógica é que dado que a propriedade privada é um dom de deus,
direito natural, nossos “caprichos subjetivos” não devem
governar as relações de propriedade, somente um sistema legal cego
que protege qualquer “fruto do trabalho de alguém” que aparece
dentro dos limites das áreas geográficas dadas. Isto é, a
concessão de propriedade não está sujeita à competição; mas a
propriedade concedida sim.
A
lei permite o homem comum ter uma opção para escolher (ou não)
Pepsi ou Coca; a ele não é permitido dizer uma palavra se ele
queira financiar ou não a proteção de qualquer empresa. Em uma
sociedade livre, sem qualquer financiamento coletivo forçado,
qualquer propriedade é considerada legítima pelo estado
capitalista. É razoável assumir que as pessoas não colocariam
recursos em proteção de propriedade que eles se opõem. Pelo
contrário, propriedade é um projeto inteiramente comunitário.
Indivíduos e grupos examinariam com seus vizinhos e/ ou comunidades
mais amplas sobre se uma certa forma de propriedade seria permitida
ou não. Todos nós sabemos que capitalistas não são exatamente
muito populares nas comunidades; pegue
o público desgostoso com o Wal-mart, tanto donos de pequenos
negócios quanto ativistas trabalhistas. Quão razoável é dizer que
uma comunidade apoiaria uma indústria destrutiva com os trabalhos
e recursos deles? Não muito. Dado que uma sociedade livre significa livre
associação, o público geral não se associaria com a indústria
antagônica que ameace roubá-los fora da auto-suficiência deles.
Dado que capitalistas não tem o benefício das classes mais baixas
financiando suas indústrias sem o consentimento deles,
a existência dos capitalistas não poderia ser economicamente justificada.
Anna
Morgenstern explica, como segue:
“Os anarco-capitalistas geralmente tem um ideia florida absurda do relacionamento entre patrão e trabalhador do qual não se baseia na realidade. Quase ninguém acorda e vai para o trabalho pensando "graças à Deus pelo meu maravilhoso chefe, que foi amável o bastante para empregar um derrotado como eu". Quando a invasão externa chega, a classe média irá defender a si mesma e sua própria propriedade. Mas eles não vão arriscar suas vidas pelo Wal-mart sem ter uma parte disso.”
Se
as comunidades estivessem no comando de alocar recursos para proteger
a indústria de intrusão, certamente eles iriam preferir financiar
aquelas indústrias que são mutuamente benéficas para todos.
Comunidades buscariam aquelas formas de conduta econômica que fosse cooperativa, ao invés de competitiva. E num certo sentido está competindo contra o capitalista ou contra os títulos antagônicos de
propriedade. Mas não é a competição vil e desumana que vemos ao
nosso redor hoje; é uma competição para melhor cooperar. Como
Kropotkin observou, a “sobrevivência do mais apto” na prática
significa a “sobrevivência daqueles que melhor cooperam”. Agora
mesmo os políticos e capitalistas são aqueles que melhor cooperam.
O estado capitalista é necessariamente uma rede de ajuda mútua
entre o mais rico e o mais poderoso; mutuamente benéfico para cada
um em manter o poder deles. Se nós fôssemos nos unir para empoderar
nossas próprias indústrias cooperativas e agir fora do status quo,
nós iríamos arruiná-los. As funções principais dos governos e
capitalistas são: (A) roubar pessoas a partir dos meios para
satisfazer suas próprias necessidades; e (B) tonar as pessoas
dependentes deles para agir como parasitas. Como uma piada de mau
gosto, ele exigem que trabalhadores operários e camponeses sejam
gratos a eles. Porque sem eles, quem satisfariam as necessidades
deles? Nenhuma consideração é dada aos trabalhadores
operários ou camponeses, se podem confiar neles próprios ou não.
Independente
se você vê a propriedade como um dom de deus, direito objetivo, que
ninguém pode agredir contra como uma lei da natureza, exigir que
todos reconheçam seu título de propriedade e reunir recursos para
proteger esse direito por meio de tributação violenta é uma
negação dessa própria lei. Eu não estou agredindo contra qualquer
propriedade que você tenha por não concordar em apoiar essa
propriedade com meus pertences pessoais; na verdade, eu estou
praticando esse próprio “direito”, mesmo se tal direito existe
ou não. Se a comunidade em geral opta por não proteger a sua
propriedade, eles não tem agredido contra, eles apenas não a
reconhecem. Eles simplesmente tem tornado a consideração contínua
de que propriedade privada é impossível para você. Azar o seu. A
comunidade desassociaria contigo ela mesma e tornaria sua indústria
um negócio de risco, dado que estaria sujeita a roubo e sabotagem.
Você pode chorar junto a Locke e ao Direito Natural que você
queira, mas você não pode exigir que a comunidade deva dar suporte
a projetos que eles achem desagradáveis ou prejudiciais.
Se
nós quisermos sobreviver por meio destes tempos terríveis, é
essencial que nós cooperemos, ao invés de competirmos com cada um.
Se nós quisermos fazer isso, nós devemos destruir as coisas que nos
mantém competindo, chamado estado. Se o estado fosse abolido,
títulos à posse se desenvolveriam por fora por meio do respeito e
interação com a comunidade que isso afeta. Expressando de forma
simples, em uma sociedade livre você não consegue competir com a
cooperação.
Traduzido por Rodrigo Viana. Para ler o artigo original clique aqui.
Sushigoat é um blog que aborda assuntos corriqueiros, bem como anarquismo.
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