Por Zo d'Axa
Publicado originalmente no jornal La Feuille n°24, em 1898.
É
o fascinante engordar da massa dos explorados que cria a ambição
crescente — e
lógica, dos exploradores.
Os
reis das minas, das minas de carvão e do ouro estariam errados em
se preocupar. A resignação de seus servos consagra a autoridade
deles. Eles não precisam mais reivindicar que o poder deles está
baseado no direito divino, aquela piada decorativa; a soberania deles
é legitimada pelo consenso popular. Um plebiscito de trabalhadores
constituído de aderência patriótica, platitudes declamatórias ou
aquiescência silenciosa assegura a posse do patrão e o reino da
burguesia.
Neste
trabalho nós podemos reconhecer o artesão.
Seja
ele na mina ou na fábrica, o Trabalhador Honesto, aquela ovelha, tem
dado o rebanho à sarna.
Um
ideal do supervisor tem pervertido os instintos das pessoas. Uma
sobrecasaca no Domingo, falar de política, votação... estas são
as esperanças que tomam o lugar de tudo. O odioso trabalho cotidiano
desperta nem o ódio, nem o rancor. O grande partido dos
trabalhadores odeia o preguiçoso que mal ganha o dinheiro garantido
do patrão.
O
coração deles pertence ao emprego deles.
Eles
são orgulhosos de suas mãos calejadas.
Quer
dedos deformados, o jugo tem feito pior ao cérebro: o choque da
resignação, da covardia, do respeito tem crescido, sob o couro
cabeludo, com a fricção do cabresto. Vãos velhos trabalhadores
agitam seus certificados: quarenta anos no mesmo lugar. Nós os
ouvimos falar sobre isso, como implorando por pão nos pátios.
—
Tenha piedade, senhoras e senhores,
de uma velho homem paralítico, um trabalhador valente, um bom
francês, um ex-oficial não-comissionado que lutou na guerra...
Tenha piedade, senhoras e senhores.”
Está
frio: as janelas continuam fechadas. O homem velho não compreende.
Ensine
as pessoas! O que mais é preciso? A miséria tem ensinado nada para
eles. Enquanto houver rico e pobre, o último irá estafar de
trabalhar afim de preencher o serviço exigido. A coluna do
trabalhador habituado como arreio. No tempo da juventude e da força,
eles são os únicos animais domesticados que não estão se correndo
em bando para as macas.
A
honra especial do proletário consiste em aceitar todas aquelas
mentiras cujo nome ele está condenado ao trabalhado forçado: dever,
pátria, etc. Ele aceita esperando que irá ascender para a classe
burguesa. A vítima é cúmplice. O infeliz fala da bandeira, bate em
seu peito, pega o seu boné e cospe no ar:
—
Eu sou um trabalhador honesto.
E
tudo cai de volta no seu nariz.
Traduzido do inglês por Rodrigo Viana. Para ler o original em francês clique aqui. Para ler a tradução em inglês clique aqui.
Zo d'Axa foi escritor, jornalista, escritor, ativista libertário e fundador dos jornais L'EnDehors e La Feuille.
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