Por A
Division by Zer0
É um tema recorrente
nos últimos tempos que sempre que alguém vai apontar sofrimento
e coisas geralmente ruins acontecendo por causa
do Capitalismo, os apologistas ultraliberais irão
surgir e dizer que “Isso não é
Capitalismo”. Eles irão alegar que o governo desempenhou um papel
grande demais e por isso nós não podemos, de fato, considerar isso
uma falha do sistema em si, mas deve pôr toda a culpa na
intervenção do governo[1].
Isso está começando a ficar bastante chato, então acho que é hora de explicar por que eu considero que
isso não é uma falácia
do escocês verdadeira.
Primeiramente,
'Capitalismo', como uma palavra sendo bastante recente, somente
entrou no vocabulário principal no início do século vinte por
Werner
Sombart, uma marxista que usava a palavra em
sua crítica do sistema. Antes disso, o uso da palavra tinha sido esporádico e em variantes de raiz, com o mais importante
sendo pelo próprio Karl Marx que escreveu sobretudo o modo de Produção Capitalista.
Esse conceito tem sido
ampliado no século passado para significar um sistema econômico
completo cujo a característica central é o mesmo modo Capitalista
de produção que Marx criticava com precisão. Secundário a isso é
a situação sócio-política no qual este modo de produção existe.
Isso pode variar do imperialismo autoritário (Fascismo) ao
minarquismo ultraliberal (O 'Ultraliberalismo' Americano)
Todos estes ainda
são Capitalismo. Os meios de produção (fábricas, terra,
trabalho) ainda são possuídas privadamente e a única coisa que
muda é o grau de liberdade política e interferência do estado. Mas
o grau em que estes dois parâmetros oscilam não tem nada a ver se o sistema é
capitalista ou não.
A Escola Austríaca de
Economia é, naturalmente, os denunciadores mais fanáticos desta ideia.
Para eles, enquanto o Capitalismo não for absolutamente livre de
qualquer governo, ele não pode ser chamado como tal (Mercantilismo
é, aparentemente, a palavra mais correta). Algo que é, claro,
completamente sem sentido. Mesmo sob o sistema
mais orientado ao bem-estar social, o modo de produção ainda
permanece em mãos de proprietários privados e, assim, a
característica principal é cumprida. Para argumentar o contrário é
similar a alegar que alguém não é escocês porque ele põe açúcar
em seu mingau.
Os apologistas do
Capitalismo de todas as escolas de pensamento, ainda que dizendo que
existe restrição demais sobre o Capital ou que não existe
restrição o bastante sobre o Capital, irão avidamente pôr a
culpar pelo sofrimento humano dentro dos países capitalistas em qualquer outra coisa exceto o próprio sistema econômico. É muita
intervenção estatal. Ou muita expansão de crédito. Ou freios e
contrapesos não suficientes. Ou muita ganância. Ou muita Corrupção.
Ou muita destruição ambiental. Qualquer coisa que seja. Culpar tudo que se
tem direito, exceto o Capitalismo.
E ainda vemos o mesmo
sofrimento e destruição ocorrendo dentro de qualquer sistema
capitalista, mais cedo ou mais tarde. Quer isso seja a Maravilha
de Livre Mercado do Chile, o Crescente
Crescimento da Índia ou o Capitalismo
de Estado da União Soviética. Não importa o
quão muito ou pouca intervenção governamental existe no
mercado, as mesmas crises acontecem, pobreza e fome permanecem e
pessoas sofrem. E a única coisa que se mantém constante, o único
denominador comum é o modo
de produção Capitalista.
Isso é Capitalismo.
Nota:
[1] A hipocrisia que
ganha de todas, claro, é quando as mesmas pessoas irão culpar todo
o sofrimento da União Soviética, Coréia do Norte e China
diretamente sobre o Comunismo sem estar disposto a reconhecer
qualquer outro fator que não seja como aquelas nações se
definiram.
Traduzido por Rodrigo Viana. Para ler o artigo original clique aqui.
A Divided by Zer0 é desenvolvedor de jogos e blogueiro.
Veja também:
Um comentário:
Expansão de crédito de um cartel bancário estatal, entre capitalismo e socialismo, está mais pra socialismo.
Este foi um dos motivos citados no meio do artigo, junto com outros motivos, uns mais bestas outros menos.
É como olhar pra uma família e querer enxergá-la como uma família feliz. O austríaco chega e fala: "Mas ela é estuprada todo dia, isso nem é uma família", e um zé chega falando que isso é uma família sim, e que a moça é infeliz.
Enfim, artigo doente e desonesto.
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